O exame da OAB é uma das etapas mais esperadas pelos acadêmicos de direito.
Na verdade, não apenas por eles, mas também por todos que fazem parte de seu círculo social.
Todo mundo quer saber se você passou na OAB. Afinal, bacharel sem no mínimo uma OAB garantida não é nada, dizem.
A consequência dessa nuance é simplesmente catastrófica para o psicológico de quem está na luta por um registro nos quadros da ordem para chamar de seu.
Até porque as duas fases do exame da ordem são apenas uma das preocupações de quem está no último ano do curso.
Assim sendo, um exame que é imposto a todo futuro advogado acaba ganhando semblante monstruoso, impossível, inalcançável.
Obviamente que fácil a prova não é. Afinal, ansiedade e nervosismo não respondem como únicos responsáveis pelos altos índice de reprovação do exame da ordem.
Enxergar o exame pelo ângulo da racionalidade certamente te deixará mais próximo do êxito com o direcionamento correto e menos desgastante. Assim, podemos tornar a saga rumo à aprovação no exame da ordem dos advogados do Brasil menos sofrida.
Para isso, listamos cinco motivos pelos quais não vale a pena entrar na neura do exame da OAB.
1. Acredite: Seus cinco anos de faculdade serão úteis, ao menos na primeira fase.
O intuito do exame da ordem é avaliar se o(a) futuro(a) advogado(a) detém o mínimo necessário para o exercício da advocacia. Não é por outro motivo que para estar apto(a) ao exercício da advocacia, 50% de acertos na fase objetiva e nota 6 (numa prova que vai de zero a 10) são suficientes.
Acontece que, por “n” razões, esse mínimo se tornou uma verdadeira dor de cabeça para os examinandos. Para alguns, o problema de atingir a média decorre da má qualidade das faculdades que acabam vendendo diplomas.
Para outros, a cobrança de determinados assuntos no exame da ordem extrapola o nível de razoabilidade do que se espera, na vida real, de um(a) advogado(a) iniciante. Para mais outros, ambas as premissas são importantes, enfim.
Acontece, também, que por mais que você não tenha feito ou estudado numa boa universidade, a parte essencial das disciplinas costuma ser lecionada.
Em constitucional, todo mundo vê a classificação das constituições, os direitos fundamentais, as cláusulas pétreas. Em penal, todo mundo vê dolo, culpa. E temas assim são abordados na prova da OAB.
Da mesma forma que existem questões absurdas, que ligeiramente são apontadas por professores de cursos preparatórios, a prova da OAB também possui questões fáceis. Sua missão é não errar essas últimas. E os cinco anos de faculdade irão de ajudar. Ao menos na primeira fase.
Digo na primeira fase porque, a depender da disciplina escolhida por você para a segunda fase, pode ser que até o momento em que você estudar para ela nunca tenha feito uma peça de sua matéria durante a graduação.
Geralmente os NPJ – Núcleos de Prática Jurídica -, que fazem parte do estágio obrigatório de toda faculdade de direito, preparam seus alunos, quando muito, para o peticionamento nas áreas de direito civil, penal e trabalho.
Logo, se você optar para sua segunda fase as matérias direito constitucional, administrativo, tributário ou empresarial significa que terá que aprender a peticionar do zero.
Contudo, a parte de direito material não iniciará do zero.
Todas essas matérias compõe a grade obrigatória das faculdades então você apresentado(a) à elas durante o bacharelado, logo tecnicamente você não iniciará do zero os estudos delas, apenas terá que lapidar melhor a base e aprender a peticionar no meio termo entre a primeira e a segunda fase.
E é perfeitamente possível aprender a peticionar no tempo entre 1ª e 2ª fase. Livros e cursos de prática jurídica estão ai pra isso.
Em tese, você estaria saindo em desvantagem a partir do momento em que não usa a bagagem aprendida no NPJ, mas como veremos a seguir, afinidade na matéria e as estatísticas apontam que justamente em matérias assim há um maior aproveitamento, a exemplo de direito constitucional, matéria campeã de aprovações – em termos proporcionais – na segunda fase da OAB.
Mas nem por isso você precisou fazer uma ADI em sala de aula ou no NPJ.
Por fim, cabe lembrar que muita coisa realmente você sabe ao final da graduação, no entanto essas informações podem estar guardadas em algum lugar da memória que você não lembra. Participar de aulões de revisão é uma boa tentativa de avivar muitas coisas que você acha não saber, mas sabe.
2. A relação de quantidade de questões por matéria é fixa, você pode fazer um planejamento para estudar o suficiente pra passar.
Conforme já mencionado por essas bandas, o exame da Ordem dos Advogados do Brasil é composto de 17 disciplinas. Apesar de esse número gigante de matérias, a boa notícia é que, caso você tenha por objetivo a aprovação e não o objetivo de dar entrevista no fantástico, você não precisa estudar todas elas.
Essa e outras informações estão no artigo “Coisas que você precisa saber sobre o exame da OAB“, que você pode ler com calma mais tarde, depois deste aqui. Caso vá pra lá, não esqueça de voltar 🙂
A distribuição de questões por matéria é fixa. Um grande insight que tive durante minha preparação para o exame da ordem, dado por professores de cursos preparatórios, é o de que existe uma lista de sete matérias dentre as quais você consegue zerar pelo tamanho do conteúdo e ao mesmo tempo preenche mais de 40 questões, fornecendo uma gordurinha para caso você erre alguma no dia da prova.
Mas antes de informar quais são essas matérias, deixe eu te mostrar a relação de quantidade de questões por matéria presente na primeira fase da prova da OAB. Os dados são da própria FGV, ok?
Como você pode ver, com uma boa programação você estuda menos matérias e estuda de forma focada objetivando acertar o necessário pra passar. E assim recaímos no tópico 3 deste artigo, que veremos a seguir.
3. Um estudo direcionado evita dor de cabeça tanto na primeira fase quanto, principalmente, na segunda.
Bom, chegamos ao bendito estudo direcionado. Isso nada mais é do que uma estratégia de estudo cujo objetivo é focar no que realmente importa para alcançar o objetivo – no caso, a aprovação no exame da oab – qual seja, acertar as 40 questões ou um pouco mais para não haver sofrimento por meio de troca de gabarito até o dia do resultado final.
Para isso, repasso para você o que me foi repassado sobre as 7 matérias necessárias para ser aprovado(a). A escolha delas foi feita levando em consideração a densidade de conteúdo e a respectiva quantidade de questões.
Estudando de forma focada nessas matérias, você consegue esgotar os conteúdos e não corre o risco de ficar mais ou menos no dia da prova por ter tentado, sem sucesso, estudar todas as 17 matérias.
Chega de drama e vamos conhecer quais matérias são essas, bem como a quantidade de questões delas:
• Ética (10)
• Direito Administrativo (6)
• Direito constitucional (7)
• Direito tributário (4)
• Direito empresarial (5)
• Direito do trabalho (6)
• Direito processual do trabalho (5)
Total de questões: 43
As demais disciplinas ou possuem uma extensão muito grande (mesmo com muitas questões) ou possuem poucas questões a despeito do conteúdo delas.
Você pode trocar alguma dessas caso a disciplina escolhida na segunda fase não esteja inclusa. Eu não troquei porque constitucional (minha matéria) já estava nesse ciclo, então eu segui do jeito que está ai.
Focar nessas matérias, por sinal, não significa ignorar as demais. Elas servem de norte, de pilar, de prioridade para um estudo direcionado no exame da ordem.
A depender de sua carga horária, é perfeitamente possível conclui-las com folga até o dia da prova, o que permite dar uma olhadinha em temas das demais matérias não elencados nessa lista.
Para estudar, você pode focar na resolução de questões ou, também, fazer uso do recurso das videoaulas. Aliás, já noticiei aqui no blog inúmeras vezes vários cursos completos – e gratuitos – direcionados para o exame da OAB. Você pode conferir a lista clicando aqui.
Outra boa recomendação é que participe dos aulões e simulados fornecidos pelos cursos preparatórios. Todos são gratuitos e online. Para ficar ligado quando eles lançarem, acompanhem nas redes sociais. Exemplos que posso citar são: CERS, Damásio, Portal F3, CEISC, entre outros.
Nessa brincadeira de aulão consegui acertar algumas questões na prova. Não é que neles você aprenderá conteúdo novo – às vezes pode até acontecer mesmo – mas o grande benefício aqui é que essas atividades geralmente acontecem bem próximas da data do exame.
Dessa forma, você acaba “desenterrando” coisas que viu durante a faculdade ou durante os estudos direcionados. Aliás, pode até aprender algo de novo nas matérias que você não estudou tanto e assim somar mais pontinhos. Você não perde coisa alguma participando, de toda forma você ganha!
E como isso evita dor de cabeça na segunda fase? Simples. Através do estudo direcionado, com uma estratégia de foco em matérias específicas (tentar esgotar) primeiro e as demais depois (veja o que puder), você consegue esgotar sua matéria da segunda fase.
Isso será uma verdadeira mão na roda durante a segunda fase, já que na parte de direito material você estará com base boa, podendo focar na parte processual sem medo de ser feliz – e sempre revisando a parte material, afinal só com a peça não dá pra passar.
Da mesma forma que isso poderá te ajudar, pode atrapalhar também. Ignorar sua matéria da segunda fase durante a primeira te atrasará bastante, mas nada que muito esforço e dedicação não resolva. Mas já que o objetivo aqui é fornecer meios de um estudo menos sofrido possível, fica o alerta.
4. Não passar de primeira não é o fim do mundo
Apesar de eu não conhecer algum(a) candidato(a) que cumpriu todos esses passos e acabou reprovando – geralmente fazem alguns e esquecem outros pontos, enfim – conheço sim excelentes estudantes que não logram êxito na primeira tentativa.
Embora tenham sido ótimos alunos na faculdade, com excelentes notas, tenho amigos que perderam para a FGV o primeiro round (ou perderam para eles mesmos?). Há vários motivos, em tese, que justificam ocorrências dessa natureza: Ansiedade, dia ruim, medo da prova, nervosismo, desconhecimento de como funciona a prova etc.
A questão é que passar na primeira é uma imposição que muitos acabam fazendo e que, além de ajudar, atrapalha. É preciso entender que a carteira de quem passa de primeira não tem diferença alguma de quem, por diversas circunstâncias da vida, conseguiu o feito da aprovação após mais uma ou algumas tentativas.
O boleto da anuidade chega para todos, sem restrição, ele não faz questão de saber quem passou de primeira ou não.
Então, não imponha para si o dever de ser aprovado na primeira tentativa. E isso não significa que você não queira passar ou que não esteja estudando num grau de comprometimento suficiente para isso, mas sim que você escolheu no que focar e no que ignorar.
Focar em fazer sua parte, estudar suas peças e revisar o direito material com calma é muito mais proveitoso do que martelar na cabeça que não passar de primeira fará de você a pior pessoa do mundo. É questão de prioridade.
5. Não saber qual matéria escolher pelo critério “afinidade” não é problema quando temos o critério “estatísticas”
9 em cada 10 textos que abordam a questão da escolha da matéria a ser optada para a segunda fase do exame da OAB fazem coro ao seguinte jargão: Escolha a que você tiver mais afinidade, não adianta focar na quantidade de peças e não gostar da matéria, pois serão quase dois meses estudando apenas ela.
Não tenho o objetivo de mostrar que tal jargão está errado, até porque concordo plenamente com ele. O problema é quando você não tem afinidade com matéria alguma. E agora? Resta usar as estatísticas.
Num dos posts mais lidos que fiz sobre o exame da OAB – no qual elenquei cinco motivos para escolher direito constitucional – trouxe para você leitor as estatísticas reais dos aprovados na segunda fase do exame de ordem.
Convido você a ler tal artigo para poder compreender melhor essa questão.
Partindo do pressuposto que você leu, prossigo. Perceba que o histórico do exame é muito homogêneo. Logo, caso você não saiba qual escolher por critério de afinidade, as estatísticas estão ai para ser analisadas atentamente.
Como não sei em qual momento você está lendo esse texto, acrescento uma dica para você ficar por dentro dessas estatísticas da forma mais atualizada possível.
Periodicamente a FGV publica a revista “exame de ordem em números” na qual divulga todas as estatísticas possíveis que norteiam o exame da OAB. Recomendo focar na questão do aproveitamento médio por matéria.
Sempre eles atualizam esses dados, então vale a pena manter o link acima nos favoritos. Diferente de alguns cursos preparatórios que objetivam simplesmente te ludibriar para angariar fundos, as estatísticas não mentem.
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