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Conversa Jurídica

Monitoria: Minha experiência, fatos e dicas.

Henrique Araujo
Escrito por Henrique Araujo em outubro 10, 2015
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monitoria

Salve, salve, futuro do judiciário brasileiro! No post de hoje falarei um pouco sobre minha experiência como monitor no curso de Direito. Para quem não sabe (creio que a maioria, até porque acho que não tinha contado antes rsrsrs) eu fui monitor durante o primeiro semestre de 2015. Farei alguns tópicos aqui para contar um pouco sobre como foi  tudo isso. A intenção é mostrar para você que sonha com a docência jurídica e viu na monitoria uma oportunidade de sentir o gostinho da coisa, mas que não sabe como é ser monitor. Se faltar algo no post ou surgir alguma dúvida é só comentar, okay? Okay


1. Por que participar de um programa de monitoria?

Minha intenção, assim como penso que seja a da maioria das pessoas que decidem participar do programa de monitoria, ao participar da monitoria foi justamente para saber como funciona o outro lado da moeda. Ser Professor não é simplesmente jogar conteúdo no quadro durante alguns meses, aplicar a prova e fazer isso até se aposentar.

Existe toda uma preparação nos bastidores que nós, alunos, não vemos. Como almejo a docência como uma de minhas futuras profissões, nada melhor do que saber logo como funciona isso sob a ótica de quem ensina – e não apenas sob a de quem assiste à aula. Sem contar toda a questão filosófica que envolve a profissão, uma das mais importantes e mais desvalorizadas, diga-se de passagem. Mas isso não tira o mérito dela, afinal estamos aqui para mantê-la firma e forte.

Além disso, você não só sente um pouco da pressão na prática como também acompanha a rotina do professor, assim como realiza diversas tarefas que mudam de acordo com a matéria na qual você será monitor.
Mesmo que ser Professor não esteja em seus planos, participar de um programa de monitoria não deixará de ser uma excelente experiência. 

Universidade é muito mais do que estudar para prova, passar de período e repetir isso durante os 05 anos. Use e abuse dos programas de extensão de seu curso. Felizmente a minha UNIT oferece várias oportunidades, a sua com certeza oferece também, é só ir atrás e ficar de olho no site da sua IES.

Você exercitará na prática diversas competências: Estudo intenso pra não falar abobrinha na sala e tirar eventuais dúvidas dos alunos, exercitar a oratória/erudição (um dos motivos mais plausíveis diga-se de passagem dentro do Direito), ter mais disciplina (pois agora será mais uma atribuição que estará sob sua responsabilidade), além de receber várias dicas de seu professor sobre mercado de trabalho, dicas de como lecionar, como  organizar um plano de aula e por ai vai (e essas dicas de organização você pode usar em vários setores de sua vida, do pessoal ao  profissional).

2. Como faço para ser monitor(a) de alguma matéria de meu curso?

A organização do concurso depende muito de sua Universidade. Mas, pesquisando o modus operandi de um punhado de IES, constatei que há alguns padrões: Algumas realizam o concurso mediante prova escrita, outras mediante prova oral e outras sem prova alguma. Depende muito da relação oferta-procura e do nível de rigorosidade de seu curso – as vezes basta conversar com o Professor da matéria que você quer ser monitor e se ajeitar com ele. Recomendo acessar o site de sua IES na parte de pesquisa/extensão e conferir o procedimento deles. Aqui em minha Universidade (Universidade Tiradentes) a seleção é feita mediante provas, inclusive com prova oral. No meu concurso também foi feita análise do currículo lattes (se você ainda não tem, faça! Você futuramente irá precisar dele, acredite).

Adianto que a grana não é lá essas coisas, mas o foco aqui é o aprendizado e não o lucro. Porém, dá para comprar uns livros marotos 🙂

Depois de devidamente aprovado(a), você assinará um termo de compromisso e terá a responsabilidade de enviar mensalmente um relatório descrevendo suas atividades do mês na função de monitor(a). É super tranquilo, com dedicação, disciplina e boa vontade você cumprirá todas essas tarefas sem grandes complicações.

3. Qual disciplina você escolheu, Henrique? Como faço para escolher a minha?

Eu escolhi participar do certame para a monitoria de Direito Constitucional (♥), mais especificamente Direito Constitucional III (controle de constitucionalidade) por questão de afinidade e também por ter um certo conhecimento interessante sobre o assunto (fui coautor de um livro de direito constitucional e meu capítulo foi sobre… isso mesmo, controle de constitucionalidade). Leia-se: Eu sabia que tinha condição de falar sobre aquilo para alguém, só faltava a oportunidade de falar o assunto para várias pessoas ao mesmo tempo e é ai que a monitoria se encaixa 🙂
Para escolher a disciplina para ser monitor primeiro veja as opções dadas pela universidade indico observar algumas premissas: 
I – Afinidade com a matéria  (até porque você estará imerso(a) numa mesma matéria durante o semestre inteiro, então é bom gostar do que você vai pesquisar, ensinar e tal). Você estará ao mesmo tempo na  condição de aluno e professor, é bem diferente de ter a responsabilidade apenas de aluno. É muito bom! E fica melhor ainda quando você gosta do que faz.
II – Ter uma boa bagagem de  conteúdo acerca dos assuntos: Não precisa ser um expert na matéria ou ter tirado só 10 quando cursou ela (pra ser monitor de uma disciplina obviamente você deve primeiro ter passado por ela, é um dos requisitos básicos da monitoria), mas é bom ter um bom  conhecimento sobre o que você vai falar. Pra isso vale a pena reler os livros que você usou quando passou pela matéria, rever anotações ou até mesmo pegar material com seu professor-orientador. Mas lembre-se: Nada de martírio! Você ainda não é  o(a) professor(a) titular da cadeira, a hora de errar é agora, até porque os próprios profs deslizam de vez em quando, é norma, ninguém é perfeito.

4. Dicas para se sair bem e aproveitar a monitoria ao máximo

Bom, vou deixar aqui algumas dicas de como aproveitar ao máximo sua monitoria que não dura para sempre, então aproveite:

A) Missão dada, parceiro, é missão cumprida!


Jamais, em nenhuma hipótese postergue alguma tarefa dada pelo seu professor-orientador. Além disso, veja cada tarefa como uma oportunidade de aprendizagem e não com um fardo, até porque o objetivo que você tem ao participar de um programa desse é aprender e nada pior do que aprender com má vontade. Faça sempre bem feito, dê o máximo de você em cada atribuição dada, você não está pra brincadeira, está? 
Lembre de sempre andar com algum bloco de notas, em papel ou até mesmo no celular, para não esquecer de alguma atividade de última hora ou de algum evento extra que apareça de última hora (como uma revisão da matéria, por exemplo)
B) Fique sempre em dia com a matéria ministrada, use casos concretos para elucidar problemas
Nada melhor que usar a prática como reflexo da teoria. Sabemos muito bem que o Direito simplesmente está em tudo que vivemos, do nascimento à morte. Sua tarefa é usar da vida “real” para exemplificar a teoria que você explica. Quando isso for possível, a assimilação será muito melhor, concorda?
C) Seja acessível para marcar aulas de revisão com alunos da turma
É uma excelente oportunidade de você exercitar sua oratória/erudição além de trabalhar também sua didática. Recomendo não marcar revisão de assunto com a turma toda de vez, só quando chegar próximo da prova e tal, mas antes marque com grupos pequenos para retirar dúvidas pontuais. Para isso, demonstre acessibilidade, passe seus contatos para que o pessoal não se acanhe e saiba que você está sempre disponível para ajudá-los (até mesmo pelos meios virtuais)
D) Esteja aberto à críticas
Esse sem dúvidas é um dos pontos mais importantes. Tenha humildade em ouvir críticas (construtivas) tanto da turma quanto de seu professor. Errar não é vergonha, vergonha é persistir no erro sabendo como é a forma correta. Pergunte aos alunos como foi sua explicação, como poderia ficar melhor e assim por diante. Não adianta você achar sua didática ótima se quem te ouve discorda totalmente disso.  Lembre-se: Quem não fica sentado para aprender, não fica de pé pra ensinar!
E) Cuidado com  os recursos virtuais
Leia-se: Cuidado com o powerpoint! Se ninguém gosta de professor que vive lendo slide, não seria diferente com o monitor, não é verdade? Lembre-se que o foco é trabalhar sua didática, sua oratória e sua forma de interação coletiva. Eu particularmente não usei slide, preferi fazer esquemas no quadro. Mas se você quiser usar, use, mas sem exagero! 
F) Crie um canal de interação com a turma, produza!
É interessante manter o contato individual (aquele que você faz quando fornece seus contatos) e também o contato coletivo, ou seja, não de você com um aluno mas de você com a turma. Para isso sugiro criar um email e fornecer ele a senha para todos da turma. Lá você pode postar slides do assunto, resumos do conteúdo feitos por você, exercícios, enfim, tudo que você achar necessário e que tiver respaldo de seu professor.
G) Use e abuse da empatia
Resumidamente empatia significa se colocar no lugar do outro. Reveja sempre seus atos, sua forma de tratamento e paciência com o próximo, isso pode ser levado pra vida como um todo também (por isso que a monitoria é uma excelente experiência, ela não fica presa à sala de aula). 
Ninguém merece ter que ficar ouvindo gente mal educada que faz tudo com desdém e má vontade. Você gostaria de ouvir alguém assim? Creio que não. Por que os outros deveriam gostar? Respeito e admiração se conquistam com trabalho duro e dedicação, não com arrogância e prepotência.

5. Considerações finais

A monitoria é uma excelente etapa da vida acadêmica, principalmente para quem pretende trilhar futuramente os caminhos da docência. Mas vale lembrar que quem faz a oportunidade é você, dependendo de seu comportamento, disponibilidade e força de vontade sua monitoria certamente será diferenciada.

Não queira fazer mais do mesmo, dê sempre o seu máximo e busque sempre melhorar, tanto individual quanto coletivamente (por isso é importante ouvir quem está do seu lado te ouvindo ou te orientando). 

Nada melhor que a prática para refletir a teoria. Escute sempre seu orientador, busque ser útil sempre que possível. Certamente essa já é uma característica sua, afinal você decidiu em alguma fase de sua vida que quer compartilhar seu conhecimento com o próximo, não é mesmo?

 O conhecimento muda o mundo, você está disposto a ser a base dessa mudança? Boa sorte! Não será tarefa fácil, até mesmo porque o curso já não é fácil e você acaba adquirindo uma nova rotina. Mas se fosse fácil não seria Direito, então OK. Vamos juntos! Até a próxima. 

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