Atualmente o que mais vemos em nossa querida sociedade é a tal da hipocrisia. Hoje em dia o que não falta são pessoas apontando o dedo para todos os cantos demonstrando que fulano e fulana estão errados e vão até o fim do mundo para que todos saibam disso. Mas, e quem deu esse direito às pessoas saírem apontando os erros dos outros?
A famosíssima liberdade de expressão. É ela a mais usada nas desculpas de quem não fica quieto perante os acontecimentos que os cerca. Ou então a consciência, alguns dizem que tem a consciência limpa em denunciar e apontar o dedo para o próximo pois é um dever de todos e a liberdade de expressão está ai pra isso. Mas, espere ai, quem é pode julgar alguém? Quem é que tem o poder de dizer que o outro está errado?
Espere ai religiosos, não vou dizer que é Deus. Até porque seria um clichê e isso já é uma verdade universal, afinal Deus nunca errou. A questão aqui é falar sobre quem de nós, reles e errantes humanos, têm o poder de sair apontando o dedo para os outros? Obviamente que qualquer um pode fazer isso, basta ter uma boca pra denunciar e uma mão para apontar. Será mesmo que só isso é o suficiente?

Logo, podemos dizer que se eu não roubei, eu posso julgar da forma que eu quiser alguém que tenha cometido roubo. Se fosse assim, seria menos injusto do que o que vemos atualmente. O que presenciamos são sujos falando dos mal lavados de uma forma tão séria que acabamos realmente convencidos de que essa pessoa tem todo o direito de falar como está falando e que, além disso, está com toda razão! Pode isso?
Nosso sistema jurídico não reflete e não tem necessidade de refletir sobre esse tema. Para julgar um crime em um tribunal basta você estar investido regularmente na carreira de juiz. Esse juiz é vigiado 24 horas por dia e deve ter uma conduta extremamente ilibada já que ele tem o poder de julgar os outros, ele não pode cometer o mesmo erro. Logo, podemos afirmar que juízes são pessoas perfeitas? Mas é claro que não. Juízes são humanos antes de tudo e por isso estão sempre suscetíveis ao erro, seja proposital ou não. Eles apenas se policiam mais do que nós.
Não sei se ficou claro, mas podemos perceber que não cometer o mesmo erro te torna eticamente apto para julgar quem errou. Então se alguém não cometeu o mesmo erro que você, essa pessoa pode muito bem te julgar da maneira como ela quiser, simplesmente por juntar a liberdade de expressão com a liberdade de apontar o dedo na sua cara por ela não ter cometido o mesmo erro que você, e ela poderá julgada por outrem que não tenha cometido o mesmo erro que ela e assim por diante, formando um ciclo que o ordenamento jurídico pode ser considerado o centro dessa circunferência.
Porém, ninguém mostra na testa que anda cometendo os mesmos erros que você e é por isso que nossa sociedade anda repleta de “Juízes autônomos”. Umas pessoas hipoteticamente podem julgar outras, mas o judiciário pode julgar todas e não ser julgado por isso. Quer um exemplo? Quem entra com decisão de recurso de sentença dada pelo STF? Existe algum órgão maior? O executivo possui algumas ferramentas para julgar crimes praticados pelo presidente do supremo, mas só isso. O judiciário então pode julgar sem ser julgado por isso, com a exceção de cometer crime.
Todos nós erramos e estamos sujeitos a julgamentos, seja na esfera judiciária ou na vida como um todo. Tudo vai depender da forma na qual você recebe sua sentença. Algumas irão nos ajudar a melhorar em algum ponto, outras serão vazias e sem lógica, e outras só nos trarão tristezas, tudo vai da maneira como nós encaramos cada uma.
Como saber se temos que ouvir o julgamento alheio se não sabemos se a pessoa é digna de estar nos julgando? Essa pergunta dificilmente encontrará sua resposta, pelo menos enquanto a falsidade e a hipocrisia continuarem imperando nas relações sociais. Cabe a nós fazermos diferente e pensar duas vezes antes de sair apontando o dedo por ai, quem sabe assim um dia iremos conseguir quebrar esse ciclo que só traz prejuízos para todos.
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