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Conversa Jurídica

Conversa jurídica: Como julgar alguém se você faz o mesmo erro?!

Henrique Araujo
Escrito por Henrique Araujo em abril 22, 2013
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Atualmente o que mais vemos em nossa querida sociedade é a tal da hipocrisia. Hoje em dia o que não falta são pessoas apontando o dedo para todos os cantos demonstrando que fulano e fulana estão errados e vão até o fim do mundo para que todos saibam disso. Mas, e quem deu esse direito às pessoas saírem apontando os erros dos outros?

A famosíssima liberdade de expressão. É ela a mais usada nas desculpas de quem não fica quieto perante os acontecimentos que os cerca. Ou então a consciência, alguns dizem que tem a consciência limpa em denunciar e apontar o dedo para o próximo pois é um dever de todos e a liberdade de expressão está ai pra isso. Mas, espere ai, quem é pode julgar alguém? Quem é que tem o poder de dizer que o outro está errado?
Espere ai religiosos, não vou dizer que é Deus. Até porque seria um clichê e isso já é uma verdade universal, afinal Deus nunca errou. A questão aqui é falar sobre quem de nós, reles e errantes humanos, têm o poder de sair apontando o dedo para os outros? Obviamente que qualquer um pode fazer isso, basta ter uma boca pra denunciar e uma mão para apontar. Será mesmo que só isso é o suficiente?

É claro que não. A liberdade de expressão deixa você se manifestar mas sua consciência é a responsável por dizer se você deve ou não abrir a boca pra falar dos outros. Se fôssemos seguir o famoso jargão popular de “Só pode julgar que não erra”, ninguém no mundo estaria habilitado para julgar os atos de alguém. Entretanto, podemos fazer aqui uma pequena mudança nesse dito, por que ao invés de nunca ter errado, o que é impossível, apenas não ter cometido o mesmo ato que você está julgando não te torna apto(a) para julgar, já que você pelo menos não errou?

Logo, podemos dizer que se eu não roubei, eu posso julgar da forma que eu quiser alguém que tenha cometido roubo. Se fosse assim, seria menos injusto do que o que vemos atualmente. O que presenciamos são sujos falando dos mal lavados de uma forma tão séria que acabamos realmente convencidos de que essa pessoa tem todo o direito de falar como está falando e que, além disso, está com toda razão! Pode isso?
Nosso sistema jurídico não reflete e não tem necessidade de refletir sobre esse tema. Para julgar um crime em um tribunal basta você estar investido regularmente na carreira de juiz. Esse juiz é vigiado 24 horas por dia e deve ter uma conduta extremamente ilibada já que ele tem o poder de julgar os outros, ele não pode cometer o mesmo erro. Logo, podemos afirmar que juízes são pessoas perfeitas? Mas é claro que não. Juízes são humanos antes de tudo e por isso estão sempre suscetíveis ao erro, seja proposital ou não. Eles apenas se policiam mais do que nós.
Não sei se ficou claro, mas podemos perceber que não cometer o mesmo erro te torna eticamente apto para julgar quem errou. Então se alguém não cometeu o mesmo erro que você, essa pessoa pode muito bem te julgar da maneira como ela quiser, simplesmente por juntar a liberdade de expressão com a liberdade de apontar o dedo na sua cara por ela não ter cometido o mesmo erro que você, e ela poderá julgada  por outrem que não tenha cometido o mesmo erro que ela e assim por diante, formando um ciclo que o ordenamento jurídico pode ser considerado o centro dessa circunferência.
Porém, ninguém mostra na testa que anda cometendo os mesmos erros que você e é por isso que nossa sociedade anda repleta de “Juízes autônomos”. Umas pessoas hipoteticamente podem julgar outras, mas o judiciário pode julgar todas e não ser julgado por isso. Quer um exemplo? Quem entra com decisão de recurso de sentença dada pelo STF? Existe algum órgão maior? O executivo possui algumas ferramentas para julgar crimes praticados pelo presidente do supremo, mas só isso. O judiciário então pode julgar sem ser julgado por isso, com a exceção de cometer crime.
Todos nós erramos e estamos sujeitos a julgamentos, seja na esfera judiciária ou na vida como um todo. Tudo vai depender da forma na qual você recebe sua sentença. Algumas irão nos ajudar a melhorar em algum ponto, outras serão vazias e sem lógica, e outras só nos trarão tristezas, tudo vai da maneira como nós encaramos cada uma.
Como saber se temos que ouvir o julgamento alheio se não sabemos se a pessoa é digna de estar nos julgando? Essa pergunta dificilmente encontrará sua resposta, pelo menos enquanto a falsidade e a hipocrisia continuarem imperando nas relações sociais. Cabe a nós fazermos diferente e pensar duas vezes antes de sair apontando o dedo por ai, quem sabe assim um dia iremos conseguir quebrar esse ciclo que só traz prejuízos para todos.

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