Passada toda a euforia que faz parte da aprovação na primeira fase do exame da OAB, surge um elefante branco tão ou mais delicado que aquele que outrora foi superado: A segunda fase.
Gabaritar a peça não é suficiente para conseguir a aprovação. Para ser considerado aprovado(a), o(a) candidato(a) necessita atingir a pontuação mínima de 06(seis) entre os 10(dez) pontos possíveis. Assim, o estudo deve ser focado tanto na peça quanto nas questões. A peça merece atenção especial, pois dos 10 pontos da prova, 05 estão só nela.
Como se trata de uma situação inédita na vida de quem agora está prestes a enfrentar a prova discursiva, separei 03 dicas práticas quanto ao aspecto organizacional da preparação para a última fase do exame da OAB. O objetivo é um só: Auxiliar você rumo à aprovação, através de um estudo minimamente organizado.
01. Busque ter ciência do tamanho do desafio antes de enfrentá-lo
Antes de começar, de fato, os estudos em busca da aprovação na segunda fase, separe um dia ou dois para organizar o que você irá estudar. Não apenas em termos de conteúdo, mas também de ferramentas.
A primeira delas é a legislação. No edital de abertura das inscrições de cada edição do exame, a FGV – Fundação Getúlio Vargas – disponibiliza no mesmo PDF tudo que pode cair em sua prova em termos de temas e leis. Sua missão é simplesmente acessar esse PDF, conferir os assuntos e prestar muita atenção na legislação.
Como exemplo prático, sugiro que clique aqui. Acesse a página 29. Você verá tudo que pode cair na prova de direito constitucional. Observe que junto com os assuntos a banca informa toda a legislação que pode ser exigida de você na prova. Simplesmente separe uma folha em seu caderno e anote a lista de leis.
01.1 Compare o edital com seu material de estudos (curso em vídeo e/ou manual de prática) antes de começar a estudar
Compare com seu vade mecum e sempre que puder passe os olhos em todas. Assim você estará familiarizado(a) com seu código exatamente onde tem que ser e evitará perder precioso tempo caçando a bendita lei de uma questão que você não sabe exatamente onde está a lei correspondente.
Para acessar o edital de seu exame, acesse o portal da FGV projetos, selecione o número do seu exame e abra o edital de abertura. No anexo II consta tudo que pode ser cobrado em cada uma das áreas que compõe a segunda etapa do exame.
Além disso, use esse anexo para comparar os temas dele com os temas de algum eventual curso que você venha prestar. Muitos não ensinam todo o conteúdo previsto no edital e isso pode custar sua aprovação.
Acompanho candidatos à OAB há mais de cinco anos e já vi gigantes serem reprovados porque esqueceram de estudar uma peça que o cursinho não deu e foi justamente essa que caiu. Nem preciso dizer qual foi o resultado disso.
Cole esse pedaço do edital – que muitos não leem e acabam pagando o preço por isso – em algum lugar visível e certifique-se de riscar cada ponto estudado. Se o curso em vídeo não cobrir tudo, adquira um manual de prática jurídica na área que você escolheu.
Eles costumam cobrir todo o conteúdo programático do edital e ainda vão além. Por isso, olho vivo para não estudar nada mais e nada menos do que pode cair. E você só saberá o que pode ser cobrado lendo o edital. Não confie cegamente em cursinho, vá por mim. Já vi cursos de grande prestígio passarem batido no ensino da peça que cairia no exame. Não quero que você passe por isso.
2. Entre direito processual e direito material prefira estudar os dois
Você terá em torno de 60 dias para organizar um plano de estudos para a preparação focada na segunda fase da prova da OAB. Sugiro dividir de forma simétrica, homogênea, igual, os dias para o direito material e para o direito processual.
O motivo é simples: Não adianta ficar fera na redação de estrutura da peça se você não souber o que escrever nela. O corpo da peça é formado de conhecimento que você vai aprender estudando o direito material.
Comece o estudo revisitando os temas de direito material, a parte teórica de sua matéria. Felizmente hoje no mercado a grande maioria dos livros e cursos para segunda fase fornece uma parte generosa de seu conteúdo voltado ao estudo da teoria para, só depois, ensinar a parte processual.
Muitos ficam ansiosos para estudar logo as benditas peças. Não há motivo para isso. Monte um caderninho – digital ou manuscrito, de preferência manuscrito até porque você vai precisar escrever na hora da prova – com todo o conteúdo que você aprendeu ou revisou. Depois disso, faça o mesmo para o estudo das peças.
Quando você estiver estudando as peças, revise sempre seu caderno de direito material. Você verá a diferença que é um estudo de direito processual com a parte teórica dominada. As coisas se encaixam de forma bem simples e direta. Algumas pessoas se sabotam dizendo que peça a, b, c, d são difíceis quando na verdade o problema não está na peça, mas sim na deficiência de conhecimento teórico acerca do conteúdo que a peça aborda.
Deixe-me dar um exemplo prático. Na minha área – direito constitucional – o domínio de temas como direitos fundamentais, processo legislativo, competência e controle forma 80% do necessário para fazer uma boa peça de controle concentrado (ADI, ADO, ADC, ADPF), assim como os remédios constitucionais. A negativa também é verdadeira. Sem conhecimento prévio desses temas, fica muito fácil de trocar uma peça pela outra (como ocorreu no meu exame, em que candidatos trocaram ADO por MI, são parecidas mas estudando certinho você percebe que existem muitas diferenças).
Por isso, antes de se aventurar nas peças, dê dois passos para trás e destine metade de seu cronograma só para a parte material. Não se preocupe, lá na frente você verá que não estava perdendo tempo com a teoria, porque ao começar a redigir a peça prática verá que foi a melhor coisa que você fez.
A peça abrange 05 dos 10 pontos. Mas entenda que a peça não é só feita de estrutura! O fator primordial dela será o corpo, o conteúdo. Então estudando a parte teórica você não está atrasando o estudo para a peça, pelo contrário! Está investindo pesado num conhecimento que poderá ser útil para você caprichar nos tópicos da petição no dia de sua vitória.
Assim, sugiro não pular as aulas de teoria de seu cursinho ou livro. Pelo contrário, elas devem ser as primeiras coisas que você deve ver. Só tome cuidado com o tempo. Como disse, sugiro dividir meio a meio com as peças, terminou a teoria, parta para a prática. Uma coisa de cada vez. Dá tempo. A questão se resume em uma palavra: Prioridade. Palavra de quem prestou o exame trabalhando, estudando, fazendo pesquisas, mantendo um blog etc.
3. Estudo do direito processual: Certifique-se de escrever o esqueleto de TODAS as peças
Esqueça a aposta de seu professor de cursinho. Se quiser prestar esse exame pela primeira (ou última) vez, certifique-se de escrever e deixar bem visível o esqueleto de todas as peças possíveis que podem ser cobradas em sua prova.
As vezes a rotina pode apertar e ficar inviável de você prestar muitos simulados. Mas isso não pode ser desculpa para desleixo ou falta de prática. Ao menos assuma o compromisso de escrever o esqueleto de TODAS as peças de sua área que estão no edital e deixa-lo bem visível para que, depois de feito, você possa revisar esse esqueleto o maior número de vezes possível.
Você pode utilizar isso inclusive ao refazer peças de exames anteriores. Elabore os tópicos e dentro de cada um insira apenas o direito que você argumentaria e o fundamento (jurídico e legal, sempre busque citar algum artigo ou súmula). Não precisa contextualizar e deixar amarradinho como você deverá deixar no dia da prova valendo. Isso aqui é um esqueleto de peça, não a peça em si. Com isso, confira no espelho de correção da fgv ou de seu cursinho se acertou as teses e fundamentos. Tenho muita atenção nos pedidos! Não esqueça de nenhum. Repita o esqueleto da peça até se sentir seguro o suficiente pra bater o olho no caso, falar a peça cabível e os fundamentos legais.
Essa é uma forma de treinar em menos tempo que escrever a peça por extenso.Além disso, é exatamente assim a estrutura do espelho de correção. A FGV ao disponibilizar o espelho com o padrão de respostas da sua prova não vai te mostrar uma peça por extenso, vai simplesmente informar qual peça deveria ser elaborada e, logo em seguida, vai mostrar uma tabela com os dados e fundamentos que você deveria colocar na sua peça. Lembre-se: quer quer, dá um jeito. Quem não quer…
Exemplo de espelho de peça: É assim que os pontos são distribuídos. |
3.1 Dicas pontuais para a prova discursiva
Considerações finais
Hey,
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Excelente artigo!
Olá, Sebastião.
Muito obrigado meu querido! Sempre às ordens.
Abraço,
Henrique.