Interpretar é uma das maiores controvérsias que existe. Digo isso porque a interpretação é muito ampla e por isso dá muita margem de erro para quem tenta fazer o uso dela. Aliás, uma das maiores causas de discussões e brigas é a má interpretação de algo ou alguém. Hoje em dia o que mais vejo são discussões bobas simplesmente por uma questão de erro de interpretação de um fato, principalmente nas redes sociais, especialmente no Facebook.
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Já não é de hoje que podemos ter o desprazer de presenciar falsos moralistas dando sermão no Facebook ou em qualquer lugar quando na maioria das vezes é desnecessário. É hilário ver uma pessoa que curte uma página de humor jurídico reclamar e até chegar a usar jurisprudências e leis pra fortalecer o argumento que usa, sendo que seria mais fácil o falso defensor da moral e dos bons costumes parar para pensar o seguinte: Se a página é de humor, tudo que é postado ali é proposital, sejam erros ou sarcasmos e até humor negro, então se a pessoa não gosta, é melhor descurtir a page ao invés de pagar de correto discordando que tudo que tem na página.
Bom, isso não é o caso da nossa página, até porque somos uma página de humor mas com assuntos sérios também, mas já tive problemas com isso. Digo isso porque vejo em outras pages de humor, seja jurídico ou não, indivíduos que levam tudo ao pé da letra, o que é simplesmente inaceitável em tempos de ironia e indiretas. A sociedade, quer dizer, algumas pessoas ainda não entenderam que nada ali é pra ser levado a “sério”, ou se entenderam fingem que não entendem a diferença entre a conotação e a denotação. Quase tudo que é usado no humor segue a característica conotativa da coisa, ou seja, segue o sentido figurado, ilustrado, não quer dizer o que diz diretamente, mas sim faz uma paráfrase, uma metalinguagem, e infelizmente muitos não sabem o que isso significa. Já outras páginas como a do CNJ, STJ e JusBrasil usam de fato a linguagem denotativa, ou seja, o que eles postam realmente quer dizer o que o post diz, isto é, quem ler um post de páginas assim deve de fato levar tudo ao pé da letra.
E não é só na internet que a má interpretação causa problemas, antes fosse só na web. Em nosso sistema judiciário também ocorre essa gravíssima falta, aqui é grave pelo fato dos pertencentes a esse mundo deverem, no mínimo, ter uma noção básica da hermenêutica jurídica. É inacreditável aceitar o fato de um magistrado, ou qualquer outro aplicador da lei, simplesmente não saber o que fazer com uma norma, o que analisar, a quem punir, enfim, é vergonhoso mesmo. Pior ainda é quando um LEGISLADOR não sabe nem o que é de fato uma lei, muito menos as formas de interpreta-la. E esse é o pior pelo fato dos maiores culpados não serem eles e suas incompetências interpretativas e legislativas, mas sim nós que somos os maiores responsáveis por tudo isso, afinal eles não criam nossas leis simplesmente por gostarem disso, mas sim porque nós os colocamos nesse posto.
Entretanto devemos separar quem erra dolosamente de quem erra culposamente, se é que me entendem. Há pessoas que simplesmente não fazem ideia do que estão lendo ou ouvindo pelo fato de não terem acesso à educação de qualidade ou simplesmente por não se interessar pelo assunto que está sendo abordado, mas mesmo assim querem opinar, e é ai que nasce o erro. O erro não está em opinar mas sim em dizer sobre o que não se sabe, mas erros assim até que são perdoáveis, pois o indivíduo errou culposamente, supostamente sem intenção. Já que comete o erro propositalmente é um verdadeiro exemplo a não ser seguido, é o tipo de gente que ninguém quer por perto. Com pessoas assim você não pode fazer nenhuma brincadeira que ela já acha que aquilo está a ofendendo e ofendendo também as leis e direitos humanos, e pra te convencer de que a reclamação dela tem fundamento ela é capaz de até te apresentar leis pra isso.
Vivemos em um mundo mal interpretado, seja culposa ou dolosamente, a interpretação errônea só faz prejudicar os utilizadores dela. É incrível haver esse problema sendo que raciocinar seria a solução pra essa lide que parece não ter fim, chego até a pensar que cérebro é utensílio de luxo pra alguns seres.
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